sábado, 15 de setembro de 2012

A maioria das pessoas que já conheci tem medo da morte, eu nem tanto. Gosto de pensar que irei recebê-la como uma velha amiga, sem receio e, se tudo correr bem, com mais harmonias do que arrependimentos. O que eu temo, talvez, seja o processo de morrer, a dor, mas não a morte em si.

As coisas mudam um pouco quando você vê um olhar de pavor nos olhos de uma pessoa enquanto ela treme inteira, os dentes costuram a língua e um tom vermelho mancha a boca ressecada e frouxa.

O pavor, por ser um medo profundo, comove. O olhar de uma pessoa apavorada para você, quando pensa que vai morrer, é uma das coisas mais doloridas já presenciadas. Quantas e quantas vezes tentamos nos iludir de que a morte é um acontecimento distante, mas, na realidade, não é. Está ali, respirando de leve bem atrás de você, esperando que você se vire. Obviamente você pode resistir, mas um dia acabará se virando.

Foram horas compridas. Dizem que morrer não dói nada, o que machuca mesmo é a saudade.

Ilustração pertenece a Chelsea Greene Lewyta

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