quarta-feira, 17 de março de 2010

... e quando eu voltei eu não sabia mais quem eu era. Nunca soube explicar o que foi danificado ou novamente concertado dentro de mim. Nunca me senti tão criança, nem tão séria. Não eu. Não novamente. “Você precisa de alguém para conversar”. Talvez remédios sejam melhores opções. As pessoas me cansam com suas dúvidas sem sentido e suas mudanças superficiais. Eu mesma me canso das minhas mudanças. O que você fez Moira, foi apenas fechar seus olhos um instante e inspirar o cheiro doce de baunilha do seu perfume caro. Sentir o gosto de morango do chiclete antes de morder a língua e engolir sangue.

O que eu sinto não é desalento porque é indiferente. É patético, quase uma história de outra pessoa normal, com dilemas sem graças e uma vida tão confusa quanto a das outras bilhões de pessoas que existem. È a mesma história, é claro, mas ao invés de a pintarmos de vermelho, pintaremos de azul. É tão cansativo fingir que se importa. É tão cansativo se importar, mas não conseguir mais sentir a essência daquilo com que você se importa. Não é sofrimento, é uma constatação. Há um instante na sua vida que as coisas não conseguem mais te comover.

No momento eu queria morangos e desenhos da Disney. O colo da minha mãe. Correr descalça e descabelada. Tomar banho de chuva. Gritar. Crescer pra que, gente?

“Estou sem tempo para distrações.”